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Sete Dias com Marilyn

Sete Dias com Marilyn (My Week With Marilyn) - 2011. Dirigido por Simon Curtis. Escrito por Adrian Hodges, baseado na obra de Colin Clark. Direção de Fotografia de Ben Smithard. Música Original de Conrad Pope. Produzido por David Parfitt e Harvey Weinstein. The Weinstein Company e BBC Films / USA | UK.


Desconsidere as pretensões biográficas de Sete Dias com Marilyn (2011) e ele se tornará uma excelente pedida para um final de semana sem coisas melhores para fazer! De fato o filme não é ruim, mas confesso que comecei a assisti-lo cheio de dúvidas em relação à atuação de Michelle Williams, que tem sido ovacionada por boa parte da crítica especializada. Pois acreditem, ela me convenceu. Não acho que as indicações dela ao Oscar e a outros prêmios tenham sido merecidas, uma vez que outras atrizes que tiveram um desempenho fantástico, bem superior ao dela, ficaram de fora, contudo não tenho como negar que ela está muito bem. O legal é que tanto ela quanto o filme vão nos conquistando aos poucos, à princípio eu olhava pra ela e enxergava apenas a aparência, não sei explicar bem, mas ela não me convencia de que era a Marilyn que todos conhecemos. Mas à medida que a trama vai se desenvolvendo isso passa a não ter tanta importância, o que passa a contar é a forma com que a Michelle vive aquela personagem e não se sua atuação consistem em uma recriação perfeita daquela que foi um dos maiores ícones da história do cinema.

Este é um daqueles casos, tão comuns, em que a decisão de esquecermos que a história é inspirada em fatos reais só favorece a nossa apreciação da mesma. A Marilyn mostrada no filme é uma mulher frágil, melancólica e carente, ela traz marcas de personalidade que não condizem com o ritual criado em torno de si (aspectos que provavelmente são reais), há portanto a desconstrução do mito, e este processo poderá incomodar aqueles que conhecem mais a fundo a história da atriz e os seus fãs mais devotos. Outra justificativa para ver o longa como uma história ficcional, e não como uma cinebiografia, é a sensação incômoda provocada pela forma com que outras personalidades, como Laurence Oliver (Kenneth Branagh), são retratadas no filme, de forma superficial e um tanto maniqueísta.


Colin Clark (Eddie Redmayne) é um jovem de vinte e poucos anos que ainda não encontrou um rumo na vida. Filho de uma família abastada, ele nega os planos que seus pais traçaram para si no intuito de seguir seu maior sonho, que é trabalhar com cinema. O anúncio de que Marylin Monroe está indo para a Europa, para atuar no filme O Príncipe Encantado (1957) de Laurence Oliver, deixa o rapaz alvoroçado, ele persiste na tentativa de conseguir um emprego no estúdio de Oliver e este acaba o contratando sem qualquer tipo de remuneração. Pouco a pouco ele vai conquistando a confiança da equipe de produção do filme, principalmente pela sua competência demonstrada na função de "assistente de direção", o que na verdade é uma espécie de “faz-tudo”.


Marilyn chega à Inglaterra e deixa todos boquiabertos com sua estonteante beleza, mas o fascínio dura pouco, as filmagens são prejudicadas pelos constantes atritos entre ela e o diretor Laurence Oliver. Ela, como adepta do Método Stanislavski, não consegue encontrar verdade em seu personagem, o que a impede de apresentar um bom desempenho e a leva a questionar seu próprio talento. Oliver não tolera isso, para ele o ator só precisa fingir sua interpretação e para isso não seria necessária esta tal verdade do personagem, defendida pela mentora de Marilyn, ainda mais em uma comédia. Os conflitos gerados durante a filmagem expõem ainda mais a fragilidade emocional da atriz, que se torna cada vez mais melancólica. Cansado de toda a situação o marido dela (este já era o terceiro) a deixa sozinha e volta para os Estados Unidos. Esta acaba sendo a grande oportunidade que Colin Clark tem de se aproximar da atriz e ele não a perde, o relacionamento que começa a ser desenvolvido entre eles, cheio de cumplicidade e carinho, funciona para Marilyn como uma válvula de escape e para o rapaz como uma espécie de rito de passagem...


A trama e seus personagens demora pouco para nos cativar e mesmo não se tratando de um filme fantástico, ele consegue nos convencer de sua boa qualidade. Ele é legal por evocar em nós espectadores  um tipo de sentimento similar ao induzido por Meia Noite em Paris (2011) de Woody Allen: a vontade de estar no lugar do protagonista, de passar alguns dias ao lado daquela que se tornou o maior símbolo sexual do século 20 e uma das atrizes mais respeitadas de sua época... Confesso que durante a exibição senti uma espécie de compaixão pela personagem (Marilyn), pela dor que ela silenciava na frente das câmeras e pelo comportamento autodestrutivo que a levaria a uma morte trágica e prematura. Ao contrário do que se tem dito, Sete Dias com Marilyn não é uma comédia, apesar da leveza de sua trama. A atmosfera melancólica que ele tem reforça, ao menos para mim, o boato de que a indicação de Michelle Williams ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (e não na de Melhor Atriz - Drama) teria sido uma estratégia para favorecê-la, tirando-a do pário com Meryl Streep, Viola Davis, Tilda Swinton e outras de desempenho bem superior ao seu...


Sete Dias com Marilyn, apesar de não desempenhar da melhor forma sua proposta de recriar fatos e eventos que realmente aconteceram, funciona muito bem como uma filme sobre relacionamentos e busca de identidade, sem grandes pretensões. Ele ainda tem uma bela fotografia, lindas locações e algumas passagens emocionantes, isso sem contar a trilha sonora que é tão cativante quanto a história recriada. Sem dúvidas o elenco está muito bem, o que é mais um peso a favor do filme... Sete Dias com Marilyn pode não ser uma obra prima, ou um filme indispensável, mais ainda assim vale a pena ser conferido... Última dica: Preste atenção em uma sequência, se não me engano uma das primeiras em que Marilyn encontra a sós com Colin, em que ela sorri um sorriso branco e melancólico com a extravagância da mais feliz das gargalhadas (dito assim até parece impossível né?), esta foi a primeira sutileza que me mostrou que a atuação de Michelle tinha sim algo de especial... Recomendo!


Sete Dias com Marilyn ganhou o Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz - Comédia ou Musical (Michelle Williams), tendo sido indicado ao prêmio também nas categorias de Melhor Filme - Comédia ou Musical e Melhor Ator Coadjuvante (Kenneth Branagh). O filme está indicado ao Oscar nas categorias de Melhor Atriz (Michelle Williams) e Melhor Ator Coadjuvante (Kenneth Branagh).

Assistam ao trailer de Sete Dias com Marilyn no You Tube, clique AQUI !

Esta resenha não traz revelação da trama que não estejam já presentes  na sinopse,
no trailer do filme ou nos fatos históricos que o inspiraram.


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